1 de outubro de 2011

FALA CIDADÃO - HOJE COM ODUM ARÁ

Almir Odun Ará fala sobre a implantação das Bases de Segurança no Nordeste de Amaralina

Qual a sua opinião sobre a política de segurança adotada pelo Governo do Estado?
A.O – Primeiro precisamos desmistificar a informação midiática defendida pelos aparelhos de marketing do Governo do Estado. As ações do Calabar e Altos das Pombas, não deram certo. Nem dariam, já que os problemas de segurança estão no topo, estão intrinsecamente ligadas aos três poderes: executivo, legislativo e judiciário. É na corrupção e na impunidade, que os seres deixam de acreditar nos contratos e na competência do Estado e passam a atuar no estado natural, onde o mais forte prevalece sobre o mais fraco. Ocupações não dão certo para o povo, pois é a garantia (entenda-se como segurança) a educação, a saúde, ao consumo e as decisões políticas, que permite através da equidade, o surgimento de consciência de auto-gestão. A função de uma ocupação militar é promover o medo.

Em sua opinião, essa é uma política de disseminação do medo?

A.O - Sim. A grande mídia demarcou os locais mais violentos do Brasil. Noticiando os fatos ou criando ficções, periferias de principais zonas urbanas, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador passaram, de alguns anos para cá, a serem símbolos do terror social. Meios aos constantes atos de corrupção, a criação do novo inimigo social, o traficante, foi crucial para a dispersão do olhar popular no que tange à ação de violência do executivo corrupto, do legislativo corrupto, da justiça cega para os ricos, saudável e cruel para os pobres. Trafico e falência do sistema político são fenômenos recém-casados na história contemporânea do Brasil. O trafico dissemina o medo, a ocupação reafirma o medo, o medo fermenta esperança. É com essa esperança, filha do despotismo, que os tentáculos da política se sustentam em época de ilegitimidade, e conseguem, para além do capital financeiro, cooptar as maiores vitimas do Estado e do poder paralelo: o trabalhador.

Qual a sua analise sobre a Base de Segurança e o Programa Pacto pela Vida no Nordeste de Amaralina?
A.O – Pacto pela Vida? Risos. Não sei por que todas as vezes que escuto o tema deste programa me lembro de Thomas Hobbes. Deveríamos promover um “Pacto pelo Dever”. Esse dever-ser deve ter como principio o fato de que a segurança garantirá a investigação e a sanção tantos aos populares, como dos nobres e dos militares, com a mesma eficácia. Só que em tempos de “mudar para não mudar”, tal solicitação soa muito revolucionário. A sugestão é mudar de bandeiras, de símbolos. Para muitos, Che, Foucault, Gramsci e até mesmo Marx, perderam o seu valor para Outdoor, Duda Mendonça e a Propaganda. Mas, sujeitos históricos que somos, rompemos com as especulações das ciências, com as expectativas das hegemonias, superamos medos e transformamos nossas esperanças em práxis. É na organização comunitária que acredito, na sua criatividade e audácia política e cultural. Vejo, que todas as vezes que ações publicas são lançadas, estabelece-se, ou pelo menos precisamos estabelecer, uma disputa. De um lado, representantes e técnicos da hegemonia, buscam executar medidas paliativas, corromper o objetivo da ação. A classe proletária, precisa entre golpes e contra-golpes, entre estratégico e tático, garantir que tal ação cumpra seu objetivo, que deve-ser sempre o bem-comum. Do governo nós só queremos o que já foi contratado na formação do Estado, o cumprimento Constitucional do Direito à educação, à cultura, à saúde, ao trabalho, ao consumo e a participação política como medida de assegurar a cidadania do soberano: o povo!
Note que temos alguns clichês presentes no meu discurso, que precisamos torná-lo reais: soberania popular, cidadania e bem-comum. Um primeiro passo? Tomada de consciência.

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